Durante visita oficial a Cabo Verde, na África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causou polêmica ao declarar “profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão” no Brasil. A fala ocorreu pouco após a União Europeia reconhecer oficialmente os danos causados pela escravidão em países da América Latina e Caribe durante o período colonial.
A declaração gerou forte repercussão negativa por tratar, ainda que de forma não intencional, a escravidão como algo produtivo. Para especialistas e movimentos sociais, a fala do presidente minimiza o sofrimento histórico de milhões de pessoas escravizadas e expressa uma visão utilitarista sobre o período colonial.
O comentário foi feito ao presidente de Cabo Verde, José Maria Neves — país que integrou a rota do tráfico de pessoas escravizadas para o Brasil. O presidente Lula também afirmou que a “forma de pagamento” da dívida histórica brasileira seria feita por meio de cooperação tecnológica e capacitação profissional em áreas como industrialização e agricultura.
A gafe diplomática contrasta com o gesto recente da União Europeia, que assumiu publicamente sua responsabilidade histórica e pediu desculpas pelo papel na escravidão — movimento que gerou comparações com a postura do governo brasileiro.