O artista plástico Daniel Freitas, 42 anos, apresentou suas xilogravuras no 69º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Curitiba, e emocionou o público ao mostrar como a arte pode ser potência para pessoas com deficiência visual. Diagnosticado com baixa visão desde o nascimento, Daniel tem hoje cerca de 20% de capacidade visual e usa essa experiência como inspiração em sua produção.
Suas obras fazem parte da série Cordel Urbano, criada em 2004, retratando transeuntes, povos originários e personagens invisibilizados nas grandes cidades brasileiras. O amarelo, cor predominante em suas peças, simboliza sua condição de fotobia e também sua identidade: “É a cor da luz, a cor que me representa. Trago minha vida e minha história para a poética do meu trabalho”, disse.
Daniel, que também é albino e tem nistagmo, reforça que nunca se limitou por conta da deficiência. Ele reutiliza restos de cenário e pedaços de MDF como matéria-prima, ressignificando materiais que seriam descartados. Para dar oficinas, buscou trabalhar com pessoas que também têm deficiência visual. “Isso me ajudou a aceitar minhas limitações e reconhecer minha potência”, afirmou.
No congresso, Daniel destacou a importância de sensibilizar médicos e profissionais de saúde sobre as possibilidades das pessoas com baixa visão. “É preciso que diagnósticos venham acompanhados de encaminhamento para centros de reabilitação, que são fundamentais e ainda pouco valorizados no Brasil”, concluiu.